quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mas é necessário...

Não. Não vamos dizer nada de importante hoje. Seria melhor parar e...
Bem.
Não está sendo tão interessante como antes.
Por favor, não me cobre ser melhor do que antes. É meio complicado...
Eu sinto, se você não entender.
Mas eu não parei na vida simplesmente para não viver. Parei para ver como as coisas estavam.
"Dizem que a visão de que está de fora é sempre melhor."
Então! Resolvi experimentar isso, apenas.
Mas agora que volto, encontro as coisas tão diferentes.
De onde eu estava, acho que a visão não era tão paronâmica quanto eu desejava. Ou não...
Sabe, estou sem entender.
Preciso de uma legenda, ou algo do tipo que me ajude a clarear as suas idéias.
Falemos de nós: NÃO ERA PRA SER ASSIM!
EU
    NÃO
           PLANEJEI
                          ISSO!

Pelo menos não, enquanto sonhava.
Estou escrevendo nossos dias aqui e penso agora: São nossos! Porque então apenas eu escrevo?
Onde está o seu ponto de vista?
Afinal de contas o que você pretende?
O futuro está aí!!
É daqui alguns milésimos e você não sabe dizer?
Ora,
Acho que consigo ser mais forte do que você neste momento.
Mas só neste...
Não se acostume!
Como você consegue ser tão frio, quando se trata das minhas dores.
Estou vendo você fazer planos e planos. Alçar metas e metas.
Tenho me sentado e assistido tudo como a um grande espetáculo...
E é tudo tão dolorido, porque não se você me engana quando diz que faço parte ou se diz a verdade...
Que verdade?
Eu já disse: Não somos capazes de suportar uma!!
Sinceramente, acho que não sou.
Ando com vontade de parar tudo na minha vida.
So pra ver se você reagiria...
Idiotice.Você não vai...
Porque você foi me mostrar a melhor parte do mundo senão poderia ser capaz de me manter nele?
Eu não te pedi isso.
Disse que queria se feliz, mas isso não era da sua conta. Não até você viver em mim...
Como diria Jorge Vercillo: "Transpondo as leis mesquinhas dos mortais."
No fundo não é culpa sua.
Você me faz feliz e com grande intensidade, mas é necessário que dure cada gotícula de ar que aspiro por nós.
Eu estou cansada demais.
Juro!
Tanta luta para parar no nada.
Onde estão os meus trabalhos realizados, os que eu venci?
Parecem não ter sentido algum agora.
Esquece:
Isso é só um dia ruim...

domingo, 5 de setembro de 2010

Pesadelo I...

Não sei como contar isso...
Mas é algo necessário.
Alguns anos atrás eu morei em uma casa bem simples. Não tinhamos muito, mas o suficiente para começar uma nova vida.
A família da minha mãe sempre foi muito sensível a algumas coisas e acho quer herdei isso...
Não é uma herança tão interessante...
Antes de comprarmos a tal casa, um casal de jovens a havia comprado, mas logo desfizeram o negócio e ela esteve a venda para nós.
Meu pai trabalhava a noite e como éramos crianças, mamãe colocáva-nos para dormir com ela.
Eu sempre dormia no meio, porque apesar de mais velha, sempre fui muito raquítica.
Eu tive um problema sobre a pálpebra direita que não sei porque motivos estava inchada, o médico tentou esvaziar com a seringa, mas logo ela havia voltado.
Voltando a casa, era bem simples. Possuiamos poucos móveis e meu pai havia feito uma prateleira para guardar algumas vasilhas que mamãe gostava de "ariar".
Com o tempo percebemos: Havia algo estranho.
Lavavamos e secavamos as vasilhas. Guardavamos. Quando davamos as costas para a prateleira, era um grande estrondo. As vasilhas haviam caído?!
Não.
Estava tudo intacto. Nada fora do lugar. Nem uma peça. Nenhum parafuso...
Havia também um toco, na parede do quarto. Mais precisamente do lado de fora. Na quina. Todas as noites, enquanto meu pai trabalhava e todos dormiam. Eu ouvia as batidas do toco na parede.
Não havia ninguém lá fora...
...
...
Andavamos pela casa e sempre parecia que alguém nos acompanhava. Eram rastros de chinela e pés cansados.


Certa noite, meu pai trabalhava, eu, minha mãe e minha irmã dormíamos apertadas na cama de casal. Elas aliás, eu não dormia. Eu tinha pesadelos...
Eu não a vi chegar naquela noite. Mas ouvi, estava dormente.
No meu pesadelo, eu fugia de um gigante, que hora me colocava nas mãos e me levava a ficar de frente com seu rosto macabro, ora me fazia correr por portas de fogo, fungindo dele. Tentando despertar...
Você não pode escapar!!
Eu corri o quanto pude. Acordei pedalando na cama, enquanto alguém cantava meu nome: "Anaaa..."
Me assustei.
Olhei para o lado e minha mãe estava sentada na cama. Perguntei se ela havia ouvido, mas ela não se moveu. Permaneceu sentada na cama.
A luz estava acesa. Eu não vi minha mãe acendê-la.
Eu não via, mas sentia...
A cortina que tampava a entrada do quarto balançava. Minha mãe olhava pra ela imóvel.
Com medo. Virei-me  e fingi dormir...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O tempo...

Eu estou cansada.
A quem estou tentando enganar?
Não pertenço a isso e você sabe...
Queria viver no mundo das idéias apenas. Aliás vivo, sou muito mais viva.
Eu não quero que pareça mais um clichê de quem quer sair do mundo. Mas quero sair desse mundo. Preciso...
...
Eu estava lá dessa vez, nos encaramos durante horas.
De repente pegamos o casaco e saímos.
Estava anoitecendo. Estava frio e íamos falando sobre o tempo durante o percurso. Mas você ainda sabia quem eu era e eu também.
Estava ameaçando chover naquele noite, mas eram só ameaças... Eu jurava que não podia acontecer.
Eu me sentei frente a lareira. Apenas eu, você e uma taça de vinho tinto como de costume.
Nos olhamos demoradamente. Era diferente. Havia algo mais...
O que acontece agora? Vamos... Pode escancarar a verdade.
Ponha as palavras na mesa. Melhor... no chão. Melhor... na minha taça de vinho.
Quer se vingar? Me envenene com as suas palavras.
Assim eu pensava e desejava. Mas ela não se moveu.
Eu bebia o vinho. Ela também. Eu suspirava. Ela também. 
Eu tremia as mãos. Ela também. Eu chorava...
Ela também, mas depois sorria...
Levantei-me. Pensei deixá-la pensar sobre o que me diria dessa vez.
Despi-me. Deixei a água tocar minha nuca. 
Surpresa...
Lá estava ela, encarando-me.
Analisando minha nudez. Ridicularizando-me.
Pronto!!
Basta!!
Eu não posso mais!! - gritei. O cachorro na rua latiu.
Como tudo começou?

Bem, não sabemos.
Tenho vagas lembranças de que um dia...
Ela me tortura. Quando quer odiar, odeia. É covarde. Depois foge e me culpa.
Me fez sua máscara.
Não quer me matar! É fato! Mas travou batalha comigo no ringue que vai da alma a pele.
E dói!
Faz doer!
E ama e odeia isso!
Minha hóspede...
Sabe. Eu não queria que fosse assim.
Nem sempre foi.
Olha no que nos tornamos? Um turbihão. Um nevoeiro. Você não ganhou nada com isso, nem eu. Era de se esperar que nos dessemos bem. Não há como arrancá-la de mim. Se o fizesse antes, teria que...
E a culpa não é sua. Eu abri este mundo, que parecia inóspito.
Quis ir pra lá, fugir das formas e das coisas, para viver as cores, as lembranças e os gestos, ou pelo menos a vontade deles existirem.
É tudo melhor aqui e você sabe.
Quando foi que chegamos aqui então?
Esse ódio que há entre nós. E a necessidade de roubar o mundo do outro que nunca foi seu "apenas" e sim nosso.
Ocupamos o mesmo espaço, o mesmo tempo, o mesmo tudo até chegar no momento em que nossa compatibilidade é pobre.
Você, meu eu. 
Meu eu que invejo, porque pode gritar. Você pode perder as estribeiras. Eu não.
Tenho que vestir meu terno cinza todas as manhãs, afogar-te, assassinar-te.
Sim. Eu sei. Sou a vilã!
É porque queria ter a sua liberdade de alma e pele. Ela é maior, do que a minha liberdade de mundo. Muito maior.
Eu? Ainda está aí? Bem, não vá. Te preciso, mesmo que seja nessa confusão.
Façamos um trato?
Fique! Amanhã te pago outro chá.
Conversaremos mais tarde.
Dizem que o tempo absorve todas as coisas. Eu não acredito que te absorva, nem que me absorva.
Mas pelo menos agente pode tomar chá...

Valsa

Não gosto quando ela se aproxima assim... Mas sempre a recebo... Mesmo que não tenha vindo dessa vez a minha casa, parece que ela faz que...