sábado, 14 de setembro de 2013

De estação em estação até a Bela mais bela...

Há quanto tempo não vinha aqui...
De repente, um silêncio... A alma do autor se esvaziara?
Não! Apenas descansava agora em leito pomposo! Digno de toda a palavra doída que em anos vinha despejando por aí...
O meu calvário?
Ainda é regado e o peso da mão do cultivador ainda arde sobre mim... O que mudou então?
Minha forma de pisar esse chão de espinhos...
Quase posso flutuar... E as vezes se fecho os olhos, posso ainda ver sua sombra...
Dessa vez... Indo embora de mim, com todas as suas trevas e toda dor que me causara!
E já sem forças, rendo-me para isso que é meu e teu fim...
EU O PERDOO!
Eu me posto diante dessa miserável lembrança uma última vez, para dizer, que perdoo!
E peço perdão, sofrível carrasco e declino toda escravidão que nos acorrentava, para que possas enfim, ter vosso descanso eterno!
Não... Nunca serei a heroína deste acontecimento!
Mas Cristo misericordioso, que em Sua infinita bondade, fez da minha vida uma grande linha ferroviária, com estações diversas! Paradas incríveis, nas quais muitas vezes foi-me ofertado fel!
Hoje, menos xucra, enxergo e entendo, que era tudo o que aquela estação tinha em si para me oferecer... Sem culpa, meus caros! Só podemos dar, aquilo que temos no nosso coração!
E que podia eu, oferecer a essas estações se nada tinha em mim? Restava-me receber apenas o que tivessem a me oferecer em cada estação...
E ainda ser grata... A dor é um aprendizado capaz de extinguir lições inteiras, teorias milenares... Pois é a própria vivência, cuja interpretação, se dispensa, dada a sua complexidade...
Deixei essas estações para trás e não faz muito tempo, parei em uma estação que fez ter todo o sentido, o que antes eram peças vagas na minha história!
Trazendo uma bagagem de mão apenas, esperava-me em uma estação um pobre moço, que a pouco havia saltado de seu próprio trem.
Cansado e trocando as pernas por uma vaga no trem da vida de alguém que pudesse enfim descansá-lo, o jovem moço segurando firmemente a bagagem em suas mãos, deu de embarcar nesse meu complexo vagão.
Disse ele, ter se encantado... Mal sabia-nos tamanha semelhança de nós...
Em meio a tanto, outras estações vieram, mas o moço sentado agora a minha frente, pousando ora o olhar sobre minhas mãos calejadas de uma escrita indissolúvel, ora sobre meus pés desnudos e empoeirados, destoando do belo e nobre vestido de uma dama burguesa da high society acinzentada de cada estação, contou-me em seu olhar os sonhos que vinha plantando em suas terras.
Como ia e vinha em seu universo... Como combatia o feio em seu mundo... A vaga lembrança de ser um herói...
Soube então, quem era ele...
O cavaleiro sem rosto, que em tantos sonhos da lama me salvara!
Sorrisos compartilhados... Já tínhamos a decisão!
Sem esperar que o trem parece, saltamos em movimento para um destino sem explicações...
Nunca mais, se viu aqueles dois jovens em estação alguma...
A moça rasgara o vestido... Decidira tornar também, corpo e mente compatível com seus pés! O moço não ficara atrás, desnudou-se... Juntos geraram vida!
Prometeram-se um do outro, enquanto fosse possível trocar vidas entre si!
Geraram então uma... E era bela!
Reza a lenda, que agora, entre um sol e uma lua, eles semeiam sonhos juntos, enquanto esperam ansiosos a chegada da bela Bela!

Valsa

Não gosto quando ela se aproxima assim... Mas sempre a recebo... Mesmo que não tenha vindo dessa vez a minha casa, parece que ela faz que...