domingo, 21 de agosto de 2011

Saudade...

Eu queria dizer que dou conta, mas não sou capaz... E por isso é tão mais fácil enfrentar a saudade, do que a patologia do alí inalcansável...
Eu poderia com um só golpe dizer que amo, mas correria o risco de assustá-lo e afastá-lo de mim, ou ainda mais dolorosamente falando dizer que amo, poderia desencadear em você um, "eu também" e aí eu teria de carregar por uma vida inteira a culpa de tê-lo tirado de Deus.
...
... ...
Era de se imaginar... Nunca aconteceu simples, fácil, rápido, certo como as coisas certas...
Eu nem deveria ter a ousadia de ter esse pensamento... Mas ousadias nunca me deram medo...
Eu vivo dos abraços raros que demos... Daquelas duas noites fugitivas, conversando...
Dos...
Beijos que não demos e que merecíamos, pelo menos para não merecer essa inquietação devoradora...
Como posso desejar tanto e sentir tanto o que nunca foi meu nessa vida?
Eu nem se quer te toquei os lábios...
Eu nem se quer te ouvi dizer ou me dar esperanças de algo...
Como pude criar e deixar crescer isso em mim?
Ou melhor, como isso foi crescendo e tomando as proporções que tomou, sem eu perceber?
Porque é que eu tive que sentir apenas depois de não tê-lo?
Você existiu uma vida inteira longe de mim... Veio... E foi de novo para mais longe do que eu pudesse alcançar agora...
E o que eu vejo...
O que eu sinto...
É sua presença fantasmagoricamente real pulsando em cada contato que o mundo contemporâneo pode me proporcionar...
Não sentir sua pele...
Não ter o seu cheiro...
Não me impediu de recriá-lo todas as vezes em mim, quando sozinha chorei toda a sua falta...
Platão soube melhor isso... É o meu perto inalcansável... Você... O meu entre mares... Entre continentes... Entre pulsões... Entre motivos...
Entre desculpas...
Entre fingir que não sabe que amo e que ama também...
Entre entregar para um bem maior, todo o bem que poderia ser apenas meu...

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