sábado, 18 de maio de 2013

Transpiro...

Transborda noite!!
Carrega em mim essa vontade de ser...
Vai-te e volta depressa...
Inunda, amansa... Tempestade, vento impetuoso...
Passo a passo da multidão! Eu grito!
Dito um verso!
Me inspiro...
Pra onde foi, todo aquele ar, de quem jovial era forte suficiente para ter-se em si?
Não! Não continha... Não tinha... Sentia... Pertencia e se sabia assim...
Escreve poeta...
Escrava de uma caneta...
Dita o previsível bordão...
Jovem, jovem, bem se tinha e agora vai... Sessenta e três anos! Dita a velha...
Não espera os traços para confessarem o mesmo!
Em igual desigualdade deixa perambular pela cidade a palavra...
Se salva na mata!
Vai-te caçador, caçar-te a própria alma...
Torna-te música... Melodia pobre aparenta... Tessitura dissonante de algum músico de esquina...
Ai voz trançada!
Nó na garganta...
Cordas transeuntes de um velho violão...
Atravessa a ponte!
Essa é a noite!
Se te vais nascer hoje, prefira assim!
A noite acoberta... Esconde... Nutre ferozmente os ferozes filhos minados do seu seio...
Crua e nua, faz gemer a terra...
Em noites de lua cheia, afia os dentes da fera... Faz roçar o peito na pedra... Tenta parti-lo ao meio... Quer fazer ver o que carrega no peito!
Uns e outros verão...
Não é de todos essa visão...
Sessenta e três! Gritara de novo a velha...
E vesse então, o cordeiro está dentro... O lobo... É a pele mal vestida, de quem a vida em toda a vida não soube dar mero acalanto...
Transborda a noite!
Dá sentido! Teça-me uma mortalha! Lá se vai Ulisses! Tomo-me outra vez, Orfeu?
Ah, meu Hades... De novo me tens?
Para que me queres?
Eu porém, não me entrego!
Vou lutar, todas as lutas... Até cessar em mim, o que me devora...
Transborda noite!!
Carrega em mim essa vontade de ser...
Vai-te e volta depressa...
Inunda, amansa... Tempestade, vento impetuoso...
Passo a passo da multidão! Eu grito!
Dito um verso!
As vésperas... Transpiro!

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