segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Algo sobre alguma coisa


Por quê?
Eu não entendo minha vida, meus passos, minhas idéias, meus sons, minhas imagens. Afinal de contas, para onde estou indo neste momento inteiro de vida? E o que sou nessa história que no fundo nem é minha? É emprestada do outro que também toma a minha para si, sem nem saber que faz isso.
Eu bati na porta de um sonho esta manhã. Ninguém respondeu. Mas eu sabia no fundo que tinha alguém lá. Eu olhei na janela então, e vi um homem sentado numa mesa velha, olhando diretamente para uma vela quase apagada. Ora, ele levantava o olhar dava um breve sorriso olhando para lago na parede que não pude ver o que era porque estava tudo muito embaçado, "é difícil ver o sonho do outro, mais difícil ainda é compreendê-lo, quase impossível aceitá-lo". É coisa de homem achar que o sonho que vale é apenas o seu. Seu?! Não acredito nisso.
Sabe que as vezes parece que a vida não vive mais? Depois que agente cresce tanta coisa perde a graça. Perde mesmo? Então porque o outro ainda sente e vê? Se perdeu a graça, então porque tentamos encontrá-la? Se, se perdeu realmente, em que ponto se perdeu? Porque se perdeu? Quem deixou que se perdesse? Que idiotice pensar nisso: A VIDA NÃO PERDEU A GRAÇA!!
A graça está nas cores, que insisto em dizer que não vejo, porque o mundo diz que quando se cresce deixa-se de ver as cores. A graça está em parar para contemplar a trajetória de uma pequena formiguinha. Maldita vergonha essa de ser eu mesmo na frente do outro que também não consegue ser ele mesmo na minha frente. Maldita máscara que visto todas as vezes que saio. Quem me ensinou a vesti-la? Porque fez isso, não compreendeu que a vida seria melhor se não tivesse feito isso? Pretendo nunca usá-la...
Ah!! Doce e amarga máscara. Ora amo-te porque guarda sob o teu mistério as minhas misérias, ora te odeio, porque não me permite alçar voô como fazem os pássaros.
Um dia no mistério e talvez minha loucura fosse embora. Um dia sem loucura e talvez eu não tivesse tanto sentido. Um dia sem sentido e talvez não houvesse paixão, um dia sem paixão e a busca pelo amor tornar-se-ia inútil. Um dia sem amor e nada mais apenas. Nada mesmo...
Quanta monotonia e as palavras presas já nem deslizam mais nos meus pensamentos.
Tenho vontade as vezes, de ir embora para um lugar só meu. Imagino-me ora, numa praia deserta, caminhado na areia, enquanto a onda bate suavemente nos meus pés e o sol toca a minha pele com carícias de astro poderoso.
Muitas vezes também me imagino, num lugar bem alto. Numa colina. Algumas flores campestres uma brisa bem doce... Desculpe-me... Estou inventando desculpas para disfarçar minha louca eterna vontade de voar.
Se eu tivesse asas, acho que custaria por os pés no chão de novo. Mas eu não tenho. O jeito é me conformar... Se quer saber... Pelo menos eu tenho sonhos. Pelo menos eu imagino. Não sou como o homem atrás da janela, olhando para a vela quase apagada. Pelo menos alguma coisa em mim, lá no fundo, me faz valer a pena "mesmo que eu me esqueça algumas vezes". Droga de memória essa minha!!
Eu não gosto de me sentir assim...Mas sinto...
Não é por maldade... Juro que não. Acha que calculei isso tudo?!
Quer saber não fale... Eu não preciso de mais alguém me mandando por os pés no chão ou acordar pra vida. Essa vidinha medíocre que você diz que ama, mas que na verdade detesta. Humm... Eu prefiro o meu mundo. Prefiro a vida que tenho nele. Lá eu sou poeta e minha poesia tem todo sentido, mesmo quando o discurso é torto.
Parei agora pra pensar na próxima frase. Voltei ao início do meu discurso. Olhando todas as minhas perguntas, descobri que jamais teria coragem de respondê-las. Aliás, isso é inútil. Respondê-las pra que se não vou mudar? E não porque seja difícil, mas porque é melhor que seja assim. Se eu mudar terei, que escolher entre ser o que sou e o que você deseja que eu seja. Se eu optar pelo primeiro talvez não te agrade e eu logo perceberia isso e o que sou sumiria pra sempre e de novo não teria graça ter outro mundo, para ser eu mesma longe dos outros. Se escolho o segundo e ser apenas aquilo que você deseja, logo você se entediaria, "nada satisfaz o ser humano". No fundo gostamos dessa tortura nebulosa, que nos intriga a pensar, quem somos para nós e quem somos para os outros.
Está vendo? Melhor ser assim, incompreendido.
Tem hora que parece que sou mais completa faltando um pedaço, do que tendo todos os pedaços em mim.
Não sejamos hipócritas!! Você no fundo acha isso também!! Deseja-me muito mais no meu vazio. Isso é fato. Não precisa se assustar!! É assim mesmo e agente entende inconscientemente.
Fico pensando. Encho-me de pensamentos. Mais uma vez, me perdoe. Eu nem pergunto se você quer ouvi-los, mas é que você também nunca diz que não quer. Aí, acho que tenho direito de dizer minhas abóboras... Olha, estou mentindo de novo, não quero saber se você quer ou não ouvir isso!! Quero que escute!! preciso que pelo menos finja, porque aí eu posso me sentir um pouquinho importante. Mesmo que eu não seja...
Nossa!! Estou numa diversidade de nada hoje!! Melhor parar por aqui, senão começarei a agir de novo como vazio. Falta. Nada.
Por: Ana Greice

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