sábado, 22 de agosto de 2009

“Quanta monotonia e as palavras presas nem deslizam mais nos meus pensamentos.”

Bom dia!!

Não estou bem... Sofri uma decepção enorme alguns instantes atrás.

Sempre admirei a questão do olhar. Agora descobri que meus olhos não se expressam. Estou cruelmente condenado a falar apenas com palavras. Que será de mim agora?

Isso me deu tanto medo... Hoje descobri que não tenho expressão no olhar e se amanhã eu também descobrir que minhas palavras não falam ou que de nada adiantam meus gestos.

Isso seria uma tragédia. E de tragédia a vida de um poeta nasce, desfalece, renasce... Toma sonhos pelas mãos e esmaga-os nas palavras, nos gestos, no olhar... Olhar, para onde, agora que eles não expressam nada? Para quem, se ninguém pode decifrá-los?

Se te olho, vejo além das tuas pupilas. Se me olhas, talvez pares antes delas, para não cair no erro de saber quem és, olhando-me apenas.

Se te olho, sou capaz de desenhar uma vida inteira para nós, com sonhos, desejos, realizações, camadas de desafios, precipícios, espinhos... É melhor não olhar. Pelo menos assim, protejo-te de mim em mim. E como quero proteger-te. E como preciso proteger-te. Até dizer não as palavras, penso em dizer, mas o que será de mim, se elas se forem? Se for a única parte de mim que te faz pensar em mim? Mesmo correndo o risco, prefiro não prendê-las. Prefiro confidenciá-las a você, meu conhecido desconhecido. Mas só a você mesmo, que vem quando é noite em mim, contar-me os segredos da morte, revestida de solidão sob a luz da minha perversidade.

Naquela manhã vi você entrar naquela sala. Eu nunca tinha visto aquilo. Eu vi medo nos seus olhos “te disse que podia ver além deles”. Ela vagava nos seus olhos de um jeito tão esquisito e atrativo pra mim. Era um medo estranho, não era medo externo, de alguma coisa, de coisa qualquer. Era medo de nós. Era raiva de nós. Então nos arranhamos. Queríamos que a pele suportasse um pouco do que suporta nossa alma. Pelo menos, aproximá-las. Existe um vazio muito grande da alma a pele. E eu sei, que você quer preenchê-lo tanto quanto eu. Sei também que como eu você não sabe como, nem quando e muito menos porque preencher.

Não se preocupe. Não pretendo contar a ninguém, mas perdoe as palavras. Elas e essa maldita vontade de voar. Vôo que invejo com todas as minhas forças. Elas tocam os céus que “eu”, deveria tocar!! Elas gritam os gritos que “eu” queria dar!! Sussurram os meus sussurros... Odeiam os meus ódios... Amam os meus amores... Cantam as minhas canções... Lamentam as minhas dores... Levam-me de você pra longe, bem longe, onde te anseio, sinto tua sede, tua loucura, teu reflexo frágil no mais sublime e desconhecido de mim... Instiga-me, a saber, quem sou. Faz-me acreditar que um dia descobrirei...

MALDITAS PALAVRAS!! Não é assim e só você, sabe que não. Sabe... Porque no fim entende que é mais de mim... Que me pertence mais do que eu me pertenço... A minha covardia é mais sua... Na verdade, sou seu disfarce no mundo. Você me escolheu, pra esconder suas misérias. Não pense que não sei que você me escraviza. Todo dia dominando minha mente, chicoteando-me com aquelas... PALAVRAS...

Se existe realmente um abismo entre a alma e a pele atribuo a você, meu conhecido desconhecido, que chamo para ser eu, quando covardemente me falta coragem para ser.

Por: Ana Greice

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