domingo, 18 de dezembro de 2011

O pãozinho...

Hoje, enquanto fazia minha ação de graças, me recordei de um fato muito interessante da minha vida...
Quando eu era criança, antes de receber a primeira comunhão, tinha tanta curiosidade de saber, o que era e que gosto tinha aquele pãozinho branco fino, que o padre dava a todo mundo, com tanto cuidado e zelo.
Na minha inocência, eu não entendia a preciosidade daquele "pãozinho".
A bem da verdade, achava extremamente engraçado, as pessoas fazerem fila para "comer" aquele pedaço pequeno de pão. "Deve ter um sabor incrível, esse pão. Ainda quero experimentar." Assim eu pensava, cada vez que ía a missa.
Num belo domingo íamos a missa, eu e minha família, inclusive um primo que tenho como irmão.
Na hora da comunhão, eu pedi a ele, que me deixasse acompanhá-lo e ele segurou a minha mão e fomos. Ingenuamente maldosa, eu pensava comigo: "Vou fazer como todos, quem sabe o padre não me dê do pãozinho." (risos).
Que decepção, o padre só fez uma cruz na minha testa e voltei com o primo para o banco, meio insatisfeita, mas sem me dar por vencida.
Meu primo se ajoelhou e me ajoelhei junto a ele. Eu o imitava em tudo!
Quando ele fazia sua ação de graças, me aproximei e perguntei: - Que gosto tem?
- O que?
- O que você está comendo... Que gosto tem?
- Não tem gosto... - Respondeu ele rindo. E desencadeou a minha indignação. Como, poderia as pessoas fazerem fila para receber um pão sem gosto? Não cabia na minha mente ingênua. Não era concebível. Mas como sempre fui teimosa, insisti.
- Você me dar um pedaço?
- Ah Ana... Já sumiu...
Pronto! Agora em vez de uma, eu tinha pelo menos dez pulgas atrás da orelha. Meu Deus "Um pãozinho que não tem sabor e ainda some dentro da boca! O que eu estava perdendo? Meu Deus..." 
Não me lembro de ter ficado tão ansiosa em outra ocasião... As semanas se tornarão meu martírio. E aos domingos, acompanhava cada pessoa que ía comungar vigiando suas bocas e os movimentos que eles faziam, para interpretar o meu pãozinho e todo o seu trajeto...
Eu tentava arduamente desvendar aquele mistério!
Os anos foram se passando, sem que minha inquietação cessasse... E me diziam: - Se  você fizer  sua catequese direitinho e for uma boa menina, logo poderá receber o pãozinho.
Ah! Para que foram me dizer isso!! Estudava a minha catequese, lia, cantava, ajudava e aguardava ansiosa o grande dia.
Anos se passaram e enfim, o grande dia, havia chegado! Minha primeira comunhão!
A semana havia sido tensa. Meu coração era uma mistura de "finalmente!" com "será?". Eu temia de alguma forma, que o pãozinho não me quisesse, ou que eu fizesse a coisa errada.
Eu sentia tanta coisa... Era tanto em mim!
Havia me confessado! Havia ensaiado! A vela, o véu, a túnica... Tudo tão perfeito para o meu pãozinho!!
"Que missa longa!" Eu pensava. Eu não me lembro de conseguir cantar. 
Éramos muitos naquele dia, mas graças a Deus, eu estava nos primeiros bancos. E agora era apenas eu e o  pão. Cara a cara. Nada me impediria! Isso eu havia certificado, claro!
Meu extâse!!
E de repente o pãozinho era tão grande. O pequeno pão perto de mim era tão grande! Tão imenso! E agora, enfim, poderia experimentá-lo e saboreá-lo para poder contar aos outros sobre as alegrias daquela refeição!
Quando comunguei, busquei saboreá-lo em toda a sua extensão e descobrir o que as pessoas tanto buscavam alí. Tamanha a minha surpresa, quando descobri que não era seu sabor palatal que o tornava diferente, mas como imediatamente saciava algo em mim, além da minha fome e sede física, a que mais tarde descobrir ser minha alma.
O pequeno pão era enfim, imenso na sua simplicidade! Grandioso, na sua pequenez!
Eu nunca mais me separaria d'Ele... Mesmo que quisesse... Mesmo que tentasse... Nosso elo jamais seria quebrado. E mesmo que eu fosse longe, meu destino seria retornar a Ele.
Muitos anos se passaram desde aquele dia. Mas ainda hoje "O" pãozinho me é um mistério! Não encontrei todas as respostas... Mas a forma como ele me envolve é tão intensa, que esqueço de perguntar diante d'Ele. E para que perguntas? Basta! Apenas estar perto! Apenas tê-lo, merecê-lo tornou-se o meu maior objetivo. Singelo talvez... Ingênuo...
Refletindo toda a minha vida, por um "pãozinho"!
Sim! Por um pãozinho! O meu pãozinho! Que amo e que tanto preciso!
Ah... Como sou nada meu Deus!
A minha primeira comunhão é diária Senhor! Cada vez que eu O recebo, busco em toda a sua extensão descobrir os seus sabores... E que sabores! Jamais, nessa terra, terei uma refeição melhor, mais saborosa que essa!
A minha vida inteira, depois de experimentar O pãozinho, se tornou uma grande indignação, por não poder tornar-me padre... Santa Terezinha tinha razão... (risos)
Ah!! Quem dera!! Que graça seria! Distribuir-Te entre os homens e para os homens! Eu não me caberia!!
Mas quis Deus, que eu assim nascesse! Não me entristeço! A vontade de Deus é alegria constante em minha vida!
Assim, resta-me pedir: Amados sacerdotes, amem vossa vocação. Amem sua entrega e sejam tão zelosos e felizes ao distribuir o meu pãozinho, que todo aquele que vier recebê-Lo, sintam essa devoção, esse cuidado, a ponto de repercutirem fielmente esse amor, a todos os que não O recebem, fazendo com que sintam a necessidade maior de recebê-Lo.
Que esse amor a Jesus Eucarístico, seja tão intenso e parta de vós com tanta profundidade nos fazendo cada vez mais dependentes desse alimento. Seremos felizes, quando nos dermos conta dessa necessidade! Será uma cadeia de amor e desejo partindo de vós meus amados sacerdotes!
Perdoem-me a petulância... Mas em mim, ferve o desejo de que todos saibam e conheçam a grandiosidade de receber Jesus Sacramentado, em um pequeno pão.
Senhor, quero viver para receber-Te! Não me permita ficar longe um dia se quer...
Foi diante de Ti, aquela primeira vez, que entendi, que pequena, na verdade era eu... Que nada eu era, mas que tudo teria despojada de mim, para ter-Te.
Essa é minha declaração de amor ao meu primeiro amor!
Desprende-me do mundo, mas sobre tudo despoja-me de mim, para que eu esteja a Teu serviço de todo o meu coração!
Tirai de mim o orgulho, a vaidade! Faz do meu coração um santo lugar para ser Tua moradia!
E assim, viverei meus dias! Restando-me o Teu amor... Restando-me amar-Te... E que bom amar-Te! E que bom ter-Te aqui... O meu pãozinho!!

2 comentários:

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