terça-feira, 27 de dezembro de 2011

História de amor...

Então, eu os encontrei assim...
Ela deitada no leito, respirando devagar e pesadamente e ele sentado ao seu lado, despejando dores pelos olhos...
Dois anos antes, eu os havia visto andando no parque novo da cidade, tecendo alguns sonhos e fazendo comentários sobre os que os cercavam.
Anoitecia esse amor, todos os dias... Eles se desejavam, mas não era bem isso que os prendia e sim um cuidado fraterno e a necessidade de se estar ali por estar... Sabendo o que se passava com o outro.
Ela não queria castelos e ele não queria complicações, mas ela era complicada e ele queria os castelos.
Houve então a primeira discussão e os dois se machucaram e sentiram dias aquilo que tinham feito um ao outro...
Ela chorou, pensando que não mais teria ele e ele chorou pensando que não mais teria ela...
Mas ela era mais corajosa e sempre dava o primeiro passo.
Me perdoa? - disse ela.
Tá... - respondeu ele.
Então deram-se as mãos e caminharam de novo no parque... Não costumavam dizer muitas coisas um ao outro, mas as vezes, sentiam também que não precisavam dizer. Por outro lado, diziam as más línguas, que ela era muito para ele e que ele era muito pra ela.
Foram sendo consumidos pelas más palavras, que não entendiam o que eles sentiam e queriam destruir aquilo!
É irracional! Ele vai ferí-la! Vocês vão ver... - Dizia alguém.
Não sei o que ele viu nela... Tão sem graça... Sem sal... - Dizia outro alguém.
Ela ía ouvindo aquilo e a dúvida foi entrando na sua mente. Toda vez que ela se olhava no espelho, procurava os motivos para tê-lo atraído... Deixando escapar que o verdadeiro motivo, estava além do que os olhos poderiam alcançar.
Ele também ía ouvindo aquilo e a dúvida entrava em sua mente. Toda vez que ele pensava no seu passado, pensava se poderia tê-la... E deixava escapar, que para ela pouco importava que ele havia sido, mas quem ele seria para ela, quando estivesse com ela.
E tiveram mais uma discussão...
Ela chorou pensando que não o teria mais... E fechou os olhos para tentar esquecê-lo, mas tudo o que via era ele... Em todos os lugares... Todas as coisas... E o seu coração ficou pequeninho com essa possibilidade... Ela viu que não queria mais ninguém...
Ele não dava conta de chorar, mas sentiu tanto, que pareceu emudecer-se... Ele fechou os olhos para tentar esquecê-la, mas o que via era ela... Em todos os lugares... Todas as coisas... E essa possibilidade, ía acabando com ele, pois ele via que não queria mais ninguém...
Ela esperou uma semana... Duas... Três... E um dia, acordou e disse: "Eu te amo". Ele não estava, então ela correu para ele e tão cheia de esperança que estava, não deu conta de falar...
Ela o abraçou e chorou e ía se sufocando... Ele sorria, por ver a ingenuidade dela... Se abraçaram...
Vai ficar tudo bem... - Ele disse.
Porque não podemos ficar assim para sempre? - perguntou ela.
Não sei... - Respondeu ele.
Então deram-se as mãos e caminharam de novo no parque... Não costumavam dizer muitas coisas um ao outro, mas as vezes, sentiam também que não precisavam dizer.
Ele era o porto seguro dela e ela era o porto seguro dele.
Ele nunca dizia que a amava, sem que ela pedisse... Ela sempre dizia, mesmo que ele risse... Passavam os dias juntos... Iventavam coisas para conversar mesmo a distância... Ele era desejado e ela também era... Ele tinha ciúmes e ela também...
E veio uma outra discussão...
E isso doeu demais nos dois... Eles choraram... Ficaram longe e ficavam perto... Queriam saber de tudo na vida um do outro... Queriam proteger... Era muito mais doído ouvir os outros falando mal dele para ela, e dela para ele... Ela fica indignada, pois acreditava nele... Ele ficava indignado, pois acreditava nela.
Um dai voltaram, mas estavam calejados demais... Se olhavam nos olhos... Se pensavam... Se queriam, mas a lembrança dos outros os havia impedido...
Os outros não falavam mais... Então, resolveram que se encontrariam as escondidas... Livres das línguas dos outros...
Não caminhavam mais no parque e ela pensou:  - Ele tem vergonha de mim... - E chorou. Ele havia se acostumado aquilo e talvez pela tranquilidade quis permanecer assim... Ela foi morrendo então, esperando que ele notasse... Ela já havia dito muito a ele e temia perdê-lo.
Ficou assim...
Então um dia passei na porta da casa onde ela morava e o vi, segurando a mão dela, deitada em um leito... Ofegava, mais sorria, porque ela estava lá...
Ele se levantou da cadeira onde estava e se aconchegou do lado dela no leito... Beijou-lhe os cabelos e a apertou contra o peito...
- Me perdoe, meu bem... Eu amo você...
Ela quis retribuir acariciando-lhe a face, mas estava fraca...
O bebê chorou no outro quarto e falou por ela, o que ele não sabia...
Ela não morreria... Não agora! E talvez tivessem feito nascer um amor, que ela carregou consigo sozinha, por crer que nele o amor havia morrido...
Ele pegou o bebê... As más línguas vieram... Cansado, ele fechou a porta e decidiu...
- Daqui pra frente, seremos só nós três...

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