terça-feira, 10 de abril de 2012

Mais uma vez a morte...

Fui me despedindo de cada verso que já havia escrito...
Lendo um a um, buscando sentir de novo cada um na mesma densidade de antes...
Fui morrendo aos poucos...
É incrível como na hora da morte cada coisa procura nos deixar aos poucos!
O corpo esfriando-se no leito.
O olhar vivo de quem se atrevia a contemplá-lo.
O medo de quem se ía... De se ir só...
E tudo o que eu mais queria... Tudo...
Não me via indo pra longe, longe, longe... De onde nunca mais me saberia sua!
Entre e um e dois golpes de um coração preguiçoso esforçando-se para bater, no leito, ela ainda esperava, apenas um olhar de sua remissão... Quem disse vir?
Não...
Longe, muito longe, ouvia-se falsas notícias dela...
De que estava bem... Já não se lembrava... Já não sentia... Já não chorava...
Vítima das más línguas... Ela mal se sustentava sobre as pernas...
E ía-se a vida...
Apertada no peito, ela se esforçava para ver ao seu redor se por acaso não o encontrava...
Não o viu...
Nunca mais o veria...
Orgulhoso! Ela soube no seu pós-mortem, que ele nunca mais viria! E que talvez nunca estivesse ali...
Fôra apenas fruto de sua imaginação cansada a ideia de que houveram bons momentos...
Talvez, nem ela houvesse existido e fosse fruto apenas da imaginação de alguém, também imaginado...
Nunca perfeita...
Nunca a mais bonita...
Nunca a mais esperta...
Nunca a mais inteligente...
Nunca a mais talentosa...
Sempre a errada...
Sempre a egoísta...
Sempre a mais indigna...
Uma sombra enorme para muitos... Inexistência para outros...
Sorri menina!
Se lá no céu pousares, descobrir-te-á sempre existente nas mãos de Deus!

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