quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Breve...

Breve...
Breve, breve...
Vida breve...
Como pode? Em questões de segundo atravessei sensações que nunca pensei passar...
Uma parte importante da minha existência... Não! Uma parte da minha existência resolveu que se desprenderia e partiria para não mais voltar.
Eu me lembro e sinto ainda, o dia que vi por uma última vez o seu mais belo sorriso. E recordo-me despedaçada o que ouvi em meu coração "Guarda bem este momento para você."
E guardei! E é tudo que eu tenho agora, quando tento me lembrar de ti. Aquele sorriso, tão raro, tão belo e puro de uma despedida tão ali, que me coração ousou por dias negar, até tocar o inevitável.
A sua partida foi breve!
E toda a estranheza saber que era incontornável e ainda assim acreditar em milagres, sem perceber, talvez pela minha humanidade, que o maior milagre já se realizava por oitenta e quatro anos, e que fui agraciada por ter presenciado vinte e nove anos, desses oitenta e quatro, em que fui me graduando como ser humano, através dos seus humildes e sábios conselhos.
Ah meu velhinho... Ah meu Deus! Quantas tardes, quantas histórias, quantas canções!! De todos os temores que eu tinha na vida, nada me amedrontava mais do que decepcioná-lo e me tornar uma pessoa vil... E eu nem sei, se consegui ser alguém assim, que merecesse seu olhar de orgulho, por minhas singelas conquistas.
Mas eu amava, poder partilhar cada detalhe... E pensava sempre: "Esse é um homem, cuja história, merece ser contada e recontada por muitas gerações. Pois embora não possuísse as riquezas desse mundo tal como grandes reis, fora responsável por construir um império, com suas pequenas mãos, o suor de tardes quentes de labor, tendo apenas a inchada, um laço... e claro, o chapéu..."
Ahh... o chapéu!
Aquele chapeuzinho, sua marca! Como dói, vê-lo sem seu dono...
Cada dia que se passa tem exigido de mim mais e mais lágrimas, algumas de alegria pelas lembranças dos nossos bons momentos, outras por saber que não teremos mais esses momentos.
Ai saudade! Oh sentimento sem educação! Que chega de forma tão inesperada e já toma a posse, a respiração, os reflexos... qualquer ação! E assim, parece que nos fecha numa caixinha pequena, onde desejamos ficar, sem ver, ouvir ou falar do fato!
Até sair daí, vão-se as horas, os dias, os meses, os anos... E vou descobrindo que logo não restará senão aquela memória, aquele sorriso, aquela despedida, aquele momento que um anjo sabendo da minha fragilidade soprou em meu coração para que guardasse.
Se eu pudesse voltar naquele dia... Se eu pudesse te soprar vida... Se eu pudesse...
Mas nada me sobra, se não esperar...
Será que na minha hora, o verei no barco que vier me buscar?
Quero eu, sentar-me nos campos floridos que agora descansas e ouvir novamente tuas histórias e rir contigo, como muitas vezes aqui fazíamos!
Obrigada por tudo!
Obrigada por sua simplicidade!
Obrigada pelo seu carinho e toda a sabedoria de vida partilhada!
De onde estiver, meu desejo é que nunca se esqueças de mim...
Saudade

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