domingo, 5 de setembro de 2010

Pesadelo I...

Não sei como contar isso...
Mas é algo necessário.
Alguns anos atrás eu morei em uma casa bem simples. Não tinhamos muito, mas o suficiente para começar uma nova vida.
A família da minha mãe sempre foi muito sensível a algumas coisas e acho quer herdei isso...
Não é uma herança tão interessante...
Antes de comprarmos a tal casa, um casal de jovens a havia comprado, mas logo desfizeram o negócio e ela esteve a venda para nós.
Meu pai trabalhava a noite e como éramos crianças, mamãe colocáva-nos para dormir com ela.
Eu sempre dormia no meio, porque apesar de mais velha, sempre fui muito raquítica.
Eu tive um problema sobre a pálpebra direita que não sei porque motivos estava inchada, o médico tentou esvaziar com a seringa, mas logo ela havia voltado.
Voltando a casa, era bem simples. Possuiamos poucos móveis e meu pai havia feito uma prateleira para guardar algumas vasilhas que mamãe gostava de "ariar".
Com o tempo percebemos: Havia algo estranho.
Lavavamos e secavamos as vasilhas. Guardavamos. Quando davamos as costas para a prateleira, era um grande estrondo. As vasilhas haviam caído?!
Não.
Estava tudo intacto. Nada fora do lugar. Nem uma peça. Nenhum parafuso...
Havia também um toco, na parede do quarto. Mais precisamente do lado de fora. Na quina. Todas as noites, enquanto meu pai trabalhava e todos dormiam. Eu ouvia as batidas do toco na parede.
Não havia ninguém lá fora...
...
...
Andavamos pela casa e sempre parecia que alguém nos acompanhava. Eram rastros de chinela e pés cansados.


Certa noite, meu pai trabalhava, eu, minha mãe e minha irmã dormíamos apertadas na cama de casal. Elas aliás, eu não dormia. Eu tinha pesadelos...
Eu não a vi chegar naquela noite. Mas ouvi, estava dormente.
No meu pesadelo, eu fugia de um gigante, que hora me colocava nas mãos e me levava a ficar de frente com seu rosto macabro, ora me fazia correr por portas de fogo, fungindo dele. Tentando despertar...
Você não pode escapar!!
Eu corri o quanto pude. Acordei pedalando na cama, enquanto alguém cantava meu nome: "Anaaa..."
Me assustei.
Olhei para o lado e minha mãe estava sentada na cama. Perguntei se ela havia ouvido, mas ela não se moveu. Permaneceu sentada na cama.
A luz estava acesa. Eu não vi minha mãe acendê-la.
Eu não via, mas sentia...
A cortina que tampava a entrada do quarto balançava. Minha mãe olhava pra ela imóvel.
Com medo. Virei-me  e fingi dormir...

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