"De amores" - gritava o homem. Aturdido, respondia aos passos indiferentes no meio da rua. - De amores...
O homem se arrastava entre os homens, os charutos, entre os ventos e os velhos e as velharias, reclamando um amor que não era mais seu...
Afogou-se em lágrimas...
Esqueceu-se dos princípios...
Estendia-se bem, nos lençóis estrelados, convertendo-se em dores...
E quis e sentiu e soube a saudade de ser amado como nunca o havia.
Sobre suas imperfeições, confessava o crime passional a que se condenavam todos os homens de sua espécie...
Naquela noite, todos os homens saíam de suas casas para gritar ao relento a paixão transviada...
Saíam um a um, cego dos outros como eles mesmos... Vagando terras distantes das que pisavam, nem se quer sabiam de suas sombras...
E andavam pesados... Mais pesados de todas as dores do amor assassinado...
E as mãos?
O que diziam as mãos?
As mãos diziam o calor que não seria sentido nos corpos amantes de outrora... Os seios que não seriam sentidos... Os cabelos que não poderiam ser embaraçados...
E as vozes?
Ah... Essas se calaram...
Houve quem escrevesse que nunca mais um assobio foi ouvido. E todas as palavras se cessavam em dois passos depois de um "De amores".
Pela manhã na terra onde se havia sabotado o amor matando todas as donzelas...
Viu-se homens poderosos dobraram-se a dor de um "De amores" transviado... Quebrava-se os princípios, as destrezas...
Na terra onde se havia sabotado o amor, amanheceram os homens sem vida... Morrendo na sua terra para nascerem em outra em busca do que antes se mereceu como amor....
A terra secou...
Os amores se foram...
Restou-se os charutos, porque os velhos foram embora quando a história findou...
Eu fiquei e sem amores agarrei-me a pena, tinta e papel...
A terra ficou desgostosa e não pegou os frutos que plantei...
Joguei as sementes fora...
E antes que a praga me pagasse, dei uma última olhada pela janela...
Tranquei as portas, peguei umas folhas e contei pros outros o que eu presenciei.
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