sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Certo dia, um certo sonho...

Quando as tardes são densas eu me sento na calçada e observo...
Quando os passos cessam, saio varrendo a calçada a procura de um amor.
Não ando encontrando nem mais ou menos o rastro e de uma forma estranha tenho sentido a solidão me cansando, desgastando cada pedacinho que produzo nos meus sonhos para dividir em algum momento com outro alguém...
Alí, eu fico...
E de repente uma voz ou outra vem me falar de como alguém também me procura.
Se eu não fosse como sou, talvez isso não me inquietasse tanto...
Mas dessa fala, ponho a imaginar meu amor em trapézios, fazendo mágicas e malabarismos, interpretando faustos e harlequinados e sempre olhando minuciosamente na platéia se eu poderia estar lá.
 
...
Certo dia... Eu achei que o via em algo como um sonho...
Haviam dois caminhos que se encontravam em um casebre velho, antigo, de portas de madeira e parede grossa e branca, com um jardim gasto pelo tempo, mas ainda assim, singularmente belo.
Eu estava só, mas você vinha na minha direção trazendo uma linda menina, vestindo um belo vestido de branco e que aparentava não ter mais que um ano de vida.
Ela segurava e brincava com um pequeno terço de pedras brancas na mão e você sorria como se ela fosse parte sua... 
E assim ela sorria pra mim. Assim ela veio para os meus braços... 
Você me deu a mão e juntos resolvemos caminhar o caminho que nos levava ao pequeno casebre.
Quando a porta se abriu diante de nós... A pequena se soltou dos meus braços e eu tive medo de perdê-la.
Você, no entanto, segurou minha mão, indicando-me que olhasse mais atentamente, ao que vi ela correr por um corredor. 
Me identifiquei dentro de uma belíssima igreja.
Havia muitas velas... 
O cálice reluzente sobre o altar e o corpo de Cristo resplandecente como nunca. A pequena se sentou perto do altar e sorria tão feliz, parecia entender melhor que eu tudo aquilo.
Você me convidou a chegar mais perto... Eu quis ir e chorava porque  pela primeira vez não temia estar só...
Nos ajoelhamos para rezar...
Me lembro depois de levantar, oferecer os braços a pequena para que pudêssemos voltar...
Mas nem você e nem ela queriam vir... 
Na verdade, queriam que eu ficasse...
Eu olhei para fora da igreja e não havia mais dois caminhos...
Apenas um, que se estreitava em alguns pontos e ficava largo em outros...
De fora, a igreja era uma casa simples, meio antiga, rústica, aconchegante, mas por dentro um castelo perfeitamente desenhado, com alguns detalhes em madeira, onde Jesus Eucarístico estava... 
E você comigo... 
E a pequena... 
E éramos tão felizes que quase não quis mais acordar...
As vezes me assusta o quão real eu sinto ser esse sonho...
As vezes me assuta o quão real é você que pareço conhecer e não vejo ainda...
Lá eu reconheço as suas manias, o seu jeito... Se eu vivesse no sonho, nem cobraria saber como é seu rosto, porque já sei saber você pela alegria que me traz ao me dar a mão simplesmente e me levar a Cristo tão sutilmente.
De alguma forma...
Mesmo sem saber...
Arrisco dizer que amo vocês...

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