quarta-feira, 17 de junho de 2015

Quando a vida voltar...

Eu estarei pronta.
Eu vou estar de pé...
Talvez não tenha os mesmos sorrisos...
Talvez eles tenham alguns calos, mas ainda assim, serão sorrisos... E acho que vale a pena tê-los, doá-los, amamentá-los.
Quem me dera, ter de novo esse vício...
Estou indo longe... Tanta coisa ficou para trás...
Me lembro de ser guiada... Eu não suporto mais suas vozes... Não gosto mais de pensar... Ter pensamentos tem me assassinado... Ter te amado, me roubou o raciocínio...
E o que eu fiz?
Doei-me até a última gota...
Hoje, não sirvo, não presto, não compenso, não valho...
O meu terreno está raso... A minha força se esvaiu...
Não é porque não quero...
Finalmente a velha chegou.
Se sentou na mesma cadeira velha de balanço, para contemplar o temporal na porta de sua casa...
Pela primeira vez, posso vê-la por dentro...
Uma mesa de madeira roída, um banco tripé, uma vela queimando quase por milagre, um piano boçal...
Que voz insuportável!
Porque não se cala?
Ainda sobre a casa...Nela também se viu um copo com água menos que a metade...
A coisa não era boa...
Ele veio, trouxe tudo, levou tudo...
Nem sei explicar... É a parte adormecida que complica...
As mãos tremem, o pensamento está embaraçado... A cadeira de balanço vai e vem... A chuva não passa...
Me irrita se ela fala... Ela não entende e grita...
Estou cansada... Terrivelmente exausta...
Não quero falar, não quero pensar.
Preciso gritar e não há forças...
Vai embora... Não me arraste...
Preciso estar aqui, quando a vida voltar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Valsa

Não gosto quando ela se aproxima assim... Mas sempre a recebo... Mesmo que não tenha vindo dessa vez a minha casa, parece que ela faz que...